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Foto do escritorFrei Franklin Freitas

Cristo, Sol da justiça

A Festa Cristã do Natal sempre é celebrada num clima que enternece coração humano. A imagem do Deus Menino na manjedoura, desperta o encantamento e o cuidado com a vida na sua fragilidade. Focado nesta sensibilidade, propomos alargar a compreensão do Mistério da Encarnação na Criação e na História da Salvação.

Para compreendermos melhor a profundidade e a grandeza deste Mistério precisamos reportar-nos à Origem da Vida no Universo. A Sagrada Escritura nos revela que Deus cria o Universo, o ser humano à Sua imagem e semelhança, a vida de todos os demais seres, e viu que tudo era bom.

Diante de tanta Beleza e Harmonia na diversidade da vida no Universo, o salmista também se encanta e exclama: Contemplando estes céus que plasmastes e formastes com dedos de artista, perguntamos: “Senhor, que é o homem, para dele assim vos lembrardes e o tratardes com tanto carinho? Pouco abaixo de Deus o fizestes, coroando-o de glória e esplendor.

No entanto, durante a História, o ser humano, movido pelo seu orgulho, não aceita sua condição na qual foi criado: ‘Pouco abaixo de Deus’. Ele tem a pretensão de se igualar a Deus. Com isso, rompe a harmonia criada e coloca-se como centro do universo. Esta ruptura dá origem a um grande desiquilíbrio em diferentes níveis. Trata-se do pecado original, aquele que dá origem a todos os demais males. O ser humano, por ora em diante, projeta a sua imagem e semelhança num outro deus, conhecido como deus mercado. Todos os demais seres não são mais respeitados na sua singularidade misteriosa. O adjetivo ‘bom’, conforme sua originalidade, agora é reduzido apenas num ‘bem econômico’, numa mercado-ria a ser explorada e apropriada para fins lucrativos.

Apesar desta ‘traição do ser humano’ ao projeto original, Deus, movido pela sua misericórdia, não abandona a Obra da Criação. Entra na História e envia seu Filho Unigênito para revelar sua face misericordiosa. O Filho Divino vem e nasce como humano. Na medida em que vai revelando o Amor do Pai Criador, resgata a originalidade de cada ser humano como imagem e semelhança de Deus. Recria a essência de cada ser que o pecado do ser humano havia corrompido. Ele se revela como o Sol da Justiça. Aquele que recria a justeza, o equilíbrio, a harmonia de toda criação. Recoloca a História do Universo e da Humanidade no seu eixo original. “Pois sabemos que a criação inteira geme até agora em dores de parto, esperando o dia da libertação” (Rm 8,22).

Portanto, celebrar o Natal é entrar nesta dinâmica. Propomos celebrá-lo na inspiração de Francisco de Assis. Ele, através dum processo de profunda reconciliação, entra em comunhão fraterna e respeitosa com todos os seres do universo e se encanta com a presença do Amor de Deus Encarnado.


Frei Blásio Kummer, OFM

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