Para destacar a importância do diálogo inter-religioso, vamos apresentar os principais elementos da manifestação do Papa Francisco no encontro com representantes do islamismo no Egito. Na ocasião, o papa evoca a figura de Francisco de Assis, que há 800 anos atrás, também realiza um gesto significativo na perspectiva do diálogo inter-religioso quando vai ao encontro do Sultão em missão de paz num pleno contexto de guerra (período das cruzadas: guerra entre cristãos e muçulmanos na disputa pelos lugares sagrados da Terra Santa)
Para o Papa Francisco o diálogo inter-religioso não se reduz apenas na realização de encontros de caráter diplomático, onde cada qual saúda respeitosamente a outra parte e a isto nada mais se segue. O Papa entende que o diálogo inter-religioso é um esforço por caminhar juntos, por construir algo juntos. E apresenta o caminho do diálogo não como uma opção possível, mas como o caminho único para se avançar como civilização humana:
Educar para a abertura respeitosa e o diálogo sincero com o outro, reconhecendo os seus direitos e liberdades fundamentais, especialmente a religiosa, constitui o melhor caminho para construir juntos o futuro, para ser construtores de civilização. Porque a única alternativa à civilização do encontro é a incivilidade do conflito; não há outra. E, para contrastar verdadeiramente a barbárie de quem sopra sobre o ódio e incita à violência, é preciso acompanhar e fazer amadurecer gerações que, à lógica incendiária do mal, respondam com o crescimento paciente do bem: jovens que, como árvores bem plantadas, estejam enraizadas no terreno da história e, crescendo para o Alto e junto dos outros, transformem dia-a-dia o ar poluído do ódio no oxigênio da fraternidade.
Todos são chamados a este caminho. Nele todos são irmãos e irmãs. E, assim recorda o Papa Francisco, este caminho de encontro já foi apontado por outro Francisco, o de Assis, quando foi ao encontro do sultão, justamente no Egito.
Para este desafio tão urgente e apaixonante de civilização, somos chamados, cristãos, muçulmanos e todos os crentes, a prestar a nossa contribuição.
Para o Papa Francisco, a responsabilidade do diálogo inter-religioso aponta para uma nova forma de convivência mundial, para o que ele chama de “civilização da paz e do encontro”.
Entre os grandes desafios que as religiões devem se colocar hoje, o Papa Francisco destaca o combate à violência, violência esta feita muitas vezes em nome da religião:
Juntos, a partir deste lugar de encontro entre Céu e terra, de alianças entre as nações e entre os crentes, reiteramos um «não» forte e claro a toda a forma de violência, vingança e ódio cometida em nome da religião ou em nome de Deus. Juntos, afirmamos a incompatibilidade entre violência e fé, entre crer e odiar. Juntos, declaramos a sacralidade de cada vida humana contra qualquer forma de violência física, social, educativa ou psicológica. A fé que não nasce dum coração sincero e dum amor autêntico a Deus Misericordioso é uma forma de adesão convencional ou social que não liberta o homem, mas esmaga-o. Digamos juntos: quanto mais se cresce na fé em Deus, tanto mais se cresce no amor do próximo.
Fonte:https://franciscanos.org.br/vidacrista/papa-francisco-e-o-dialogo-inter-religioso/#gsc.tab=0 (Frei Volney J. Berkenbrock)
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