Ser mãe o grande sonho da mulher: você se prepara, faz chá de fralda, escolhe nome e conta os dias para chegada do bebê. Pois é, para mim, foi um pouco diferente. Foi numa noite do dia 16 de julho de 1992, quando eu era auxiliar de enfermagem no hospital São Sebastião de Alegria, que nasceu um menino lindo e cheio de saúde. Eu era a circulante da sala de cesárea. A mãe com sinais de deficiência e o pai alcóolatra. Ali naquele momento entrou em cena na minha vida um sentimento de amor que eu nunca tinha sentido até então. Aquela criança me transmitia algo diferente. A família, por diversas questões, acabou perdendo a guarda da criança que várias vezes ia e voltava para o hospital. Diante desta realidade, eu ainda solteira, realizei o pedido de provisória. Recebi o apoio da minha família e namorado. Quando ele completou dois anos, após muita luta e correria, recebi a adoção. Meu filho entre muitas complicações e adoções veio ter deficiência mental. Graças a Deus tive a ajuda da minha irmã, dos meus pais e namorado. Na época trabalhava em dois hospitais. Tempo depois me casei e tive um filho legítimo. Para a nossa surpresa, nosso filho, nasceu com SINDROME DE WILLIAMS.
Continuei minha caminhada e missão seguindo firme e forte com meus amados filhos Tiago e Emanuel. Apesar do Tiago me chamar de dinda, pois como sempre viveu com meus pais, ele os chama de pais. Ele tem contato com a mãe biológica. Ambos frequentam a APAE. Meu outro filho Emanuel também frequenta.
Eu sempre digo, para nós pais, tudo o que eles aprendem é uma vitória. Enquanto outros pais comemoram formaturas, vestibulares e classificações em concursos... Nós comemoramos quando eles aprendem a letra A, segurar uma colher ou qualquer outra atividade básica do ser humano. A Síndrome do Emanuel é muito linda pois é a síndrome do amor. Talvez Deus nos deu ele para nós aprendermos, que com pouca coisa, somos felizes. Dele vem o abraço mais apertado e o beijo mais puro. As histórias mais deslumbrantes..., pois tudo se transforma em amor. Para ele todas as pessoas são boas, mas ele sente quando a pessoa não tem boa comunicação e já o deixa de lado. Não gosta de coisas tristes. Com ele aprendi a nadar e dirigir. Ele sabe todos os sons dos motores e como a pessoa está dirigindo.
Como mãe sou muito feliz e espero que Deus me dê muitos anos de vida para poder acompanhar a vida desses meus anjos sem asas. O Tiago com sua dificuldade é violonista e adora cantar músicas de igreja, assistir DVDS do Chitãozinho e Xororó. É apaixonado pelo filme “Os dois filhos de Francisco”. Estar com os dois é escutar um falar de música e o outro de trator.
Esse amor nos transforma em pessoas mais sensíveis, pois nos tornamos super protetoras, não no sentido de deixar fazer as coisas, mas se alguém faz algo que eles ficam constrangidos a mãe Marli entra em cena. Já fui vice presidente da APAE, mas eles não gostavam do que eu falava, porque viver em família e atender eles tem bastante diferença. Neste universo das pessoas com necessidades especiais, tem coisas que vemos, que acabam nos machucando e dói no coração. É uma luta diária diante das crises que eles enfrentam e das pessoas que encontramos em nosso dia a dia. Resumindo: Ser mãe de filhos especiais é muito prazeroso, pois aprendemos cada dia, uma coisa nova e sempre com muita superação. Se fosse ficar escrevendo não teria espaço para tudo. Gratidão a Deus se resume tudo: por eles, pela vida e pela nossa missão de Mãe!
Feliz e abençoado dia das MÃES....
Marli Teresinha Pavlak Visneski
Paróquia São Sebastião de Alegria – RS
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