Quinta-feira Santa.
O Reino de Deus é uma mesa aberta.
Estamos na Semana Santa, onde acompanhamos e refletimos sobre os sofrimentos e a felicidade plena e o centro da nossa fé, a ressurreição, o Domingo. Na Quinta-feira Santa, temos a Ceia e o Lava-Pés do Senhor. Quando contemplamos o caminho e a vida de Jesus, percebemos que a Sua vida é marcada por várias refeições que culminam na Santa Ceia.
Ele se reúne em refeições com mulheres de “má fama”. Escravas vendidas por seus próprios pais. Viúvas sem proteção. Estas refeições com ‘pecadores e pecadoras” são marcas surpreendentes e originais de Jesus. Diferenciando-O de todos os seus contemporâneos, profetas e mestres do passado.
Muitas culturas tem a refeição como uma espécie de “micro mundo” revelando muitos dados dessa sociedade. Depende do que come, a maneira, com quem e onde come. Na seita de “Qumram” a refeição era o centro da vida comunitária, marcada pela ausência de estranhos. Os fariseus com as suas exigências de pureza, também excluíam diferentes.
Jesus surpreende a todos ao sentar-se para comer com qualquer um. Sua mesa é aberta. Não tem excluídos. O Reino de Deus é uma mesa aberta, uma grande ceia (Lc 14,16-24). Deus é assim! Deus não quer ficar numa sala vazia, a Sua alegria é a presença dos pobres e desprezados. Jesus está vivendo essa festa desde agora. Os que não são convidados por ninguém vão sentar-se um dia na mesa com Deus. O lava pés e a Santa Ceia recordam que a Eucaristia é o Sacramento do amor e produz amor.
Podemos definir o perfil da mesa de Jesus: uma mesa aberta que sacia a fome, superando o abismo de classes (Lc 16, 19-31); mesa que cria novas relações, construídas sob o paradigma da partilha (Lc 14, 7-14); uma mesa que descontrói barreiras culturais (Mc 7,24-30); que supera o fundamentalismo religioso (Lc 15, 11-32), porque Cristo vai para além das igrejas. A única forma de ficar fora da ceia e não tomar parte na mesa de Cristo, é a traição, foi o caso de Judas que se excluiu.
Jesus que nasceu em Belém (casa do Pão) está conosco em cada Eucaristia. Nos recordando que o pão é sinônimo de partilha. E quem quiser ser grande, se faça servidor, expresso no lava pés.
Frei Jorge Luís Huppes OFM
Referência: PAGOLA, José Antônio. Jesus: aproximação histórica. 5ºEd. RJ, Vozes, 2012.
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