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Ego e Alteridade

Foto do escritor: Frei Franklin FreitasFrei Franklin Freitas

Em nossas relações humanas manifestam-se os mais diversificados interesses. Ao tentarmos sintetizá-los, poderíamos falar em dois pólos que centralizam: o Ego (Eu) e a Alteridade (os Outros/as). De um lado somos indivíduos, pessoas únicas, não havendo ninguém igual a nós; mas percebemos, que não é possível viver sozinho, pois dependemos dos outros e do mundo que nos cerca. Diz corretamente o filósofo Ortega y Gasset: “Eu sou eu e minha circunstância”. Somos seres-no-mundo, portanto, interdependentes. Ninguém de nós é uma ilha isolada.

Quando esta inter-relação do ego e da alteridade é harmoniosa, o resultado será normalmente uma convivência feliz e enriquecida, pacífica e animadora. O contrário também é verdadeiro: o desequilíbrio das relações causa infelicidade e cria conflitos, desajustes em nós, com os outros ao redor de nós.

Sempre mais nos damos conta que o relativismo, com suas raízes presas no individualismo egoísta, como vimos na mensagem anterior, traz consigo uma série de conflitos, dificultando a harmoniosa convivência fraterna, seja no mundo das relações humanas, seja com o planeta, nossa casa comum, como diz o Papa Francisco. Pela fé cristã aprendemos que Jesus Cristo deu sua vida para que nós tivéssemos vida em abundância (Jo 10, 10). Ele derrotou na cruz o desequilíbrio causado pela morte sobre a vida; ensinou-nos pelo amor a vencer o egoísmo, que gera a morte da alteridade: das pessoas, da natureza, do planeta.

Dentro do clima de valorização cristã da alteridade, de amor aos irmãos e irmãs e do cuidado e respeito pela vida no planeta, queremos olhar para São Francisco de Assis, o santo da fraternidade universal, e rezar junto com ele o Cântico das Criaturas:


“Louvado sejas, meu Senhor, com todas as tuas criaturas; especialmente, com o senhor irmão sol, o qual é dia, e por ele nos alumias. E ele é belo e radiante, com grande esplendor, de ti, Altíssimo, é sinal.

Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã lua e as estrelas, que no céu formaste claras, preciosas e belas.

Louvado sejas, meu Senhor, pelo irmão vento, pelo ar e pelas nuvens, pelo sereno e todo tempo, pelo qual às tuas criaturas dás sustento.

Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã água, que é mui útil e humilde e preciosa e pura.

Louvado sejas, meu Senhor, pelo irmão fogo, pelo qual iluminas a noite. E ele é belo, jucundo e robusto e forte.

Louvado sejas, meu Senhor, pela nossa irmã e mãe terra, que nos sustenta e governa, e produz diversos frutos e coloridas flores e ervas.

Louvado sejas, meu Senhor, pelos que perdoam por teu amor, e sustentam enfermidade e tribulação.Bem-aventurados os que as sustentam em paz, porque por ti, Altíssimo, serão coroados.

Louvado sejas, meu Senhor, pela nossa irmã a Morte corporal, da qual homem algum pode escapar...Louvai e bendizei a meu Senhor e rendei-lhe graças e servi-O com grande humildade”.


Com votos de Paz e Bem, abençoamos a todos no espírito da fraternidade universal.


Dom Frei Aloísio Alberto Dilli, OFM

Bispo da Diocese de Santa Cruz do Sul

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