No cotidiano da experiência pastoral, encontramos muitas devoções à Mãe de Jesus. Estas se tornam mais visíveis nos meses de maio e de outubro. São muitos os pedidos, sacrifícios, promessas e agradecimentos, especialmente nos santuários. Não é raro encontrar esta devoção à Maria desassociada à fé no seu Filho. Querendo superar está dicotomia seguiremos a nossa reflexão, mostrando que Maria antes de ser Mãe é filha de Deus.

Pela condição humana e divina de Jesus, Maria, é mãe e filha do seu próprio Filho, porque o Cristo é a segunda Pessoa da Santíssima Trindade. Ele juntamente com o Pai e o Espírito Santo, são a origem da criação e da própria humanidade, da qual descende Maria. Contudo, Jesus de condição divina se fez um de nós, menos no pecado (Hb 4,15). À primeira vista, parece ser algo um tanto confuso, porém, veremos que Maria filha de Deus é também a Mãe de Deus.
Todos os Evangelhos deixam bem claro que Maria é a Mãe de Jesus (cf. Mc 3,31; Mt 1,18; Lc 1,26-38; Jo 1,19-25). No século IV, Santo Efrém afirmou que a encarnação e o nascimento de Jesus Cristo, no útero de Maria, é o grande sinal da solidariedade de Deus com a humanidade. Seguindo esta reflexão, o Concílio de Éfeso (em 431) proclamou Maria a Mãe de Deus. Este dogma, mostra a capacidade presente no ser humano, a capacidade de gerar Deus. Por isso, Duns Scotus afirmou, que entre os humanos o título mais elevado, depois do Filho de Deus, é o título da Mãe de Deus.
A palavra que o anjo lhe dirige é o convite à alegria (chaire). Palavra grega que foi traduzida para o latim por “Ave”. A palavra em latim não corresponde a intenção do mensageiro divino. Maria é a cheia de graça (kecharitoméne) é a “nova Filha de Sião”. Convidada a alegrar-se porque Deus a ama e a cumulou de graça em vista da maternidade divina. Maria foi uma mulher socialmente pobre e simples. Por que Deus a escolheu? Isso pertence ao mistério de Deus, que se inclina para o mais frágil para revelar seu modo de agir na história. Contudo, “a glória de Deus se mostra na pequenez, se revela na insignificância e se concretiza no marginal”, afirma a Maria Clara Temporelli.
É uma maternidade voluntária, é a serva do Senhor. De filha de Deus, Maria se tornou a Mãe de Deus, por que o seu filho é também Deus. Ela carrega em si o Espírito, o Filho e com Eles o mistério e plano do Pai. Este Deus que havia nascido em sua alma e concebido no coração, pôde ser gerado no ventre. Deus por meio do sim de Maria, constroe a “nova aliança”. Temos uma mãe que é Mãe de Deus e Mãe da Igreja. Uma Mãe que respondeu afirmativamente ao mistério da salvação. Uma mãe que cotidianamente intercede por nós. Que Maria, filha, mãe e discípula, proteja nossas mães.
Neste mês de maio, parabéns a todas as mamães!
Frei Jorge Luis Huppes OFM
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