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Menos CNPJ e mais CPF: A vocação da Igreja no pós-pandemia

Muitos se perguntam: qual será o centro da missão da Igreja no pós-pandemia do COVID-19? A melhor resposta que ouvi é: “menos CNPJ e mais CPF, ou seja, menos estruturas e mais amor para com as pessoas. O pensamento do Papa Francisco, na sua Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, comunga com este pensamento. O texto que segue é parte da minha dissertação do mestrado em Teologia.

O Papa espera “que todas as comunidades se esforcem [..] para avançar no caminho duma conversão pastoral e missionária, que não pode deixar as coisas como estão” (EG 25). Esta conversão traz a marca da misericórdia, do agir a partir do amor e nele contemplar a todos. O viver o Evangelho é muito mais do que orientar a vida a partir de preceitos e leis que procuram ser referência de uma vida autêntica, mas saber assumir como própria a vida do outro.

No entender de Casula, o Papa Francisco ao colocar o centro da sua vida e missão na misericórdia entende que ela “não é somente um princípio importante sobre o plano moral ou espiritual, mas é um critério decisivo para a renovação da teologia e do método teológico, a partir do homem, aliás, dos pobres, em estreita relação com a missão da Igreja”.[1] Fernandes comunga dessa ideia ao afirmar que “a proposta de conversão que a Igreja leva para o mundo precisa refletir sobre a sua própria conversão, pela qual [...] a verdade comunicada não foi um conjunto de doutrinas a serem conhecidas e praticadas, mas a oferta do amor misericordioso do Pai”.[2]

Esta atitude está fecundada pela esperança. Diante do amor de Deus sempre há oportunidade para a volta e o recomeço[3]. A Igreja de portas abertas (Cf. EG 46) quer ser a Igreja da misericórdia que acolhe sem julgar, mas está feliz pois oportunizou uma vida renovada, quando ao ir ao encontro dos outros, levou o seu bem mais precioso que é a Boa Nova, o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo.

O Papa Francisco crê que, na medida em que a Igreja souber partir mais do Cristo, do seu amor, do que da estrutura na qual ela está concentrada, mais eficaz será o seu anúncio. O fechamento sobre si é um prenúncio da perda do seu potencial, mas o sair de si e no sair saber dialogar com mundo, tendo o Evangelho como referência irá fortalecer-se e buscará o seu novo rosto.

O objetivo único da missão está em anunciar Jesus Cristo e permitir que Ele seja conhecido, amado e vivido por mais pessoas. Isso requer uma grande confiança na ação do Espírito que nos conduz para além de nós mesmos, aos quatro cantos do mundo, lá onde estão os filhos e filhas de Deus. E como os primeiros discípulos que voltaram felizes pelas maravilhas que o Senhor realizara por meio deles assim, todos os missionários devem ser felizes pelos pequenos sinais que o Senhor realiza em favor do quais Ele os envia. Não por qualquer promoção pessoal ou motivo de vanglória, que eventualmente poderá surgir da missão.

Frei Paulo Müller – OFM

1 - CASULA, Lucio. Rostos, gestos e lugares. A Cristologia do Papa Francisco, p. 76.

2 - FERNANDES, Leonardo Agostini. Missão e Missiologia a partir da Evangelii Gaudium, in AMADO, Joel Portela. Evangelii Gaudium em questão, p. 305

3 - Conforme FRANCISCO, Papa. O nome de Deus é misericórdia, p. 94

[1] CASULA, Lucio. Rostos, gestos e lugares. A Cristologia do Papa Francisco, p. 76. [2] FERNANDES, Leonardo Agostini. Missão e Missiologia a partir da Evangelii Gaudium, in AMADO, Joel Portela. Evangelii Gaudium em questão, p. 305 [3] Conforme FRANCISCO, Papa. O nome de Deus é misericórdia, p. 94

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