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Foto do escritorFrei Franklin Freitas

O problema do relativismo religioso

O tempo que vivemos é invadido por diversos modos de pensar e agir, entre os quais se destaca o relativismo. Esta corrente de pensamento entende que nada podemos afirmar a respeito de algo, porque tudo é relativo e depende do ponto de vista de cada um, portanto, podendo incorrer num subjetivismo sem limites. Segundo este modo de pensar, não existe o certo e o errado, o positivo e o negativo; existem opiniões diferentes e justapostas. Portanto, uma determinada pessoa pode considerar algo como certo e outra pode considerá-lo errado, não havendo como definir quem tem razão.

Os relativistas acham que ninguém tem autoridade para ensinar aos outros o bem e o mal, o moral e o imoral. Muitos vivem sem referências de valores e princípios pelos quais procuram orientar-se. O certo e o errado tornaram-se conceitos vagos, pois cada um escolhe e decide como quer. Neste contexto, ficam bem os programas da Mídia em que cada um pode afirmar o que quer, a pretexto de liberdade. Afinal, “você é quem decide”.

Em conseqüência, há pais e mães que já não se empenham em deixar claro para seus filhos qual o melhor caminho para seguir na vida ou sentem-se confusos para orientá-los, diante de tanto relativismo que os cerca. Há também casos em que os pais orientam de uma determinada maneira, em casa, e na escola é transmitido outro tipo de orientação.

Esse modo de pensar vai penetrando e corroendo todos os campos da sociedade: está na grande mídia, nas redes sociais, entra em decisões dos diversos poderes públicos e até no sistema educacional. As crianças já vêm sendo mergulhadas nesse modo de enxergar a vida, e vão sendo influenciadas à medida que avançam na caminhada escolar e o contato com a sociedade. Vivemos os tempos em que tomar partido a respeito de determinados assuntos, sobretudo se considerados polêmicos, já é motivo para ser considerado conservador, antiquado.

Como ficamos nós católicos diante desse modo de pensar e viver? Cada um vai fazer sua religião, sua moral, sua ética e tudo fica no campo individual e subjetivo? Jesus Cristo seria alguém a ser seguido à medida que estiver de acordo conosco? Neste sentido alerta-nos a Igreja: “O individualismo penetra até mesmo em certos ambientes religiosos, na busca da própria satisfação, prescindindo do bem maior, o amor de Deus e o serviço aos semelhantes. Oportunistas manipulam a mensagem do Evangelho em causa própria. Já não é mais a pessoa que se coloca na presença de Deus, como servo atento (1 Sm 3,9-10), mas é a ilusão de que Deus pode estar a serviço das pessoas” (DGAE 2011-2015, n. 22; cf. tb. DGAE 2015-2019, n 25 e DAp n. 479-480).

Eis o perigo do relativismo, que vem se alastrando na sociedade e que pode corroer até nossa fé cristã. É importante termos clareza do que Jesus nos ensinou no Evangelho, por palavras e pelo modo de vida, cheio do espírito da gratuidade, da alteridade, da paz e da justiça, caminho totalmente oposto ao individualismo egoísta. Seu Mandamento Novo, que ensina o Amor-serviço e nos reúne em comunidades evangelizadoras a serviço do Reino, será sempre nossa referência maior: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos... O que vos mando é que vos ameis uns aos outros” (Jo 15, 13 e 17). Os valores que nos orientarão na vida se inspirarão sempre neste Evangelho. Será a Palavra de Deus a nos guiar, qual luz em nosso caminho (Sl 119, 105).


Dom Frei Aloísio Alberto Dilli, OFM

Bispo da Diocese de Santa Cruz do Sul

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