Francisco de Assis é um dos santos mais queridos e populares do Brasil. Presente na devoção popular e que transcende tantos credos e confissões. Dele temos ideias um tanto romantizadas: amigo dos animais, protetor da natureza etc. Mas existem tantos outros aspectos pouco são lembrados.
Podemos pensar na juventude do Santo, quando tudo começou. O jovem Francisco se parece em muito com os jovens do nosso tempo, gostava de festas e músicas. Entre os amigos, era visto como o rei da juventude por saber aproveitar as noitadas em baladas. Rico, filho de comerciantes, era pródigo em esbanjar a fortuna do pai com os amigos. A sua marca registrada era a alegria contagiante, que atingia a todos. Impulsivo, sonhador e temerário, este era o Francisco jovem. Sua juventude é marcada por tantas vicissitudes, que fica difícil escolher a mais significativa, mas há um movimento, dentro de sua alma, que merece maior atenção.
No caminho de Espoleto, armado como cavaleiro, cheio de projetos, desejos e com muito do seu ego inflado, é surpreendido por uma estranha voz. Estabelece-se um diálogo provocador e desconfortável. Entre dormindo e acordado Francisco pergunta:
“Que queres que eu Faça?”
A resposta curta é decisiva na vida do jovem de Assis:
“Volta à tua terra…”.
Assim também acontece com os nossos jovens. Têm sonhos, objetivos, tantas vontades e, em um dado momento, circunstâncias e pessoas mostram que é necessário refazer a rota, fazer outro caminho.
Voltar não é fácil. Ressignificar a vida é um grande desafio. É necessário um exercício de humildade. Saber dar novos significados a perdas e a experiências dolorosas é fundamental para quem deseja ter uma vida mais feliz. Voltar pede um movimento da alma, não é só questão de fazer escolhas. É fazer o caminho de Francisco, pensar, refletir e finalmente decidir.
Ressignificar a vida é preciso, pois, mais importante do que possuir e fazer, é como nós enxergamos a nós mesmos. Quem nunca se reinventa, provavelmente, morrerá afogado por uma onda de mesmice, passará pela vida em estado de frustração.
Para experimentar a vida com significado e coragem é preciso fazer como Francisco: se arriscar no terreno das incertezas e da luta. O grande legado que Francisco deixa à juventude é a capacidade de sonhar com dias melhores e que outro mundo é possível, baseada unicamente na prática do amor. Este jeito de ser e viver oferece uma alternativa de vida à cultura de morte, que permeia nossas realidades.
Walter Frederico Garcez
Fraternidade Três Companheiros.
Gravataí – RS
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